ENTREGANDO OS PONTOS
Aconteceu o que eu mais temia: tornei a cair no polo da
depressão depois de sofrer o que alguns chamam de “choque de realidade”. Dei-me
conta de que perdi completamente o controle da minha vida, e me pego dando
círculos na esfera de mediocridade. Nos últimos dias, tenho abusado de
cafeína e de remédios para dormir porque estabeleci a meta de dormir 18 horas
por dia (talvez eu tenha esquecido por algum tempo que a falta de moderação é
uma parte intrínseca da minha vida, e acredite quando eu falo que lutei por
muito tempo contra vícios e compulsões). Ah, não posso deixar de mencionar que devo
ter passado mais de dois dias sem tomar banho, e só fui tomar uma ducha depois
que cheguei ao meu limite.
Eu também preciso confessar que, embora a minha mãe não
tenha notado, hoje ingeri remédios para dormir com álcool. Usei a estratégia de
misturar álcool ao suco de maracujá que a minha mãe havia preparado para que ela não percebesse que eu havia
comprado bebida alcoólica. Caso contrário, eu teria dado vazão à raiva e iríamos acabar tendo outra briga. Infelizmente,
só tenho conseguido tolerar a mim mesmo me automedicando, mas me sinto culpado por ter escondido o que fiz da minha mãe. Deus, eu caí na armadilha da vida dupla!
Em virtude dos meus problemas de curta concentração e foco
limitado, eu não estava dando conta da rotina de estudos para a prova do Encceja que farei no dia 19 de novembro,
e acredito que, por causa da minha discalculia e do meu insucesso com a rotina
de estudos, irei reprovar na prova. Tenho 25 anos e ainda estou preso na
adolescência, estagnado no ensino médio, e eu me pergunto: “O que exatamente
deu errado?” Uma vez que tornei a cair no polo da depressão, seguir com a minha
rotina de estudos se torna uma tarefa quase impossível, porque problemas de
concentração, falta de motivação e ânimo também fazem parte do quadro de
depressão.
Deus, eu me sinto amaldiçoado!
Eu só queria partir, mas sou tão covarde que nunca tentei
interromper a minha própria vida. Dizem que o suicídio é uma solução permanente
para um problema temporário, mas eu não sei se essa pérola se aplica a mim. Eu
criei uma espécie de aversão a mim mesmo, porque nunca desenvolvi amor por mim
mesmo (admitir isso é muito difícil, e eu me sentiria estúpido se o fizesse em
voz alta). Como o suicídio está fora de cogitação, a alternativa é me
desconectar da minha própria realidade me dopando. Todavia, me sinto tão vulnerável, que a possibilidade de
fazer uma besteira a qualquer momento tem passado pela minha cabeça constantemente.
O simples fato de estar vivo tem me causado dores à alma. . .
Aprendi que vínculos são fatores protetores contra o
suicídio, quaisquer vínculos, como boa estrutura familiar, vida-padrão para um
jovem adulto, rede de apoio composta de entes queridos, fé. . . tudo que eu não
tenho. Não mais. Eu poderia dizer que ter a minha mãe em minha vida é um
vínculo protetor contra minhas inclinações suicidas, e eu a amo, mas não é
suficiente para me prender aqui, para que eu me sinta motivado a lutar pela
minha própria vida. Dizer isso soa injusto da minha parte, eu sei.
Infelizmente, estou trilhando o caminho para o suicídio.
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